Na noite de ontem, a estação mais fria do ano entrou para valer
Isto, claro, nas regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. Curitiba, por exemplo, teve uma mínima de 10°, a mais baixa do ano. Rio Grande, no sul, 5°. E São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte recebem o inverno com chuvas e muito vento. As regiões tropicais e equatoriais continuam representando, fora do país, a tradição tórrida que alimentamos. Mas os meteorologistas dizem que, por influências do El Niño, as temperaturas serão um pouco mais altas este ano.
Enfim, só espero que as pessoas não vejam estes meses como os representantes da infelicidade ou da desventura. Gostaria até que a moda fosse alegre e que as mulheres e os homens usassem cores vivas nos dias frios e chuvosos. Sim, porque nunca entendi esse hábito de roupas escuras e guarda-chuvas pretos. Que lindo seria enfrentar os dias cinzentos armados com sobretudos, casacões e capas coloridos, respondendo ao tempo com a nossa alegria interna. Encher as ruas com vermelhos, com amarelos e com alaranjados esquentando a paisagem e imitando caléndulas, suinãs e mirindibas que desabrocham agora, como que enfrentando valentemente a frieza dos campos e cidades.
O inverno não é momento de hibernar, e sim de compreender que em lugar de refugiar-nos em lugares fechados, devemos sentir na pele um sol frouxo, porém com um brilho muitas vezes de maior intensidade que em outras épocas. Entender que a vida é feita de ciclos e que, para regozijar-nos com as mornas temperaturas, devemos aceitar os frios e, assim, saber a diferença entre uns e outros.
Parece difícil para você? Olha só, isto é praticado pelo mundo vegetal há tanto tempo! As plantas usam o frio para se desfazer de folhas velhas e inúteis, para livrarem-se de pragas oportunistas e em silêncio, desembaraçadas de cigarras barulhentas, poderem refletir sobre uma vida plena de nuanças e matizes.
Quem sabe, neste inverno, você possa fazer um boneco de neve, mesmo que seja em um sonho imaginário e que lhe traga a pura e inocente tranquilidade que precisa.
O importante é não sentir frio na alma…
Autor: Raul Cânovas