Sempre que preciso idealizar um jardim, que será frequentado por crianças, penso em plantas com formas divertidas, diferentes e, até, um pouco bizarras. O conceito estético delas é diferente daquele dos adultos e é estimulado pelas coisas caricaturescas e engraçadas, ou as vezes, quem sabe, um pouco terrificantes. Meninos não prestam atenção nas árvores que tem em comum, meramente, um tronco e uma copa, mas naquelas em que esse tronco tem um formato distinto e estranho ou uma fronde meio louca com folhas enormes como a embaúba ou a coccoloba.
É aí que a palmeira-garrafa torna-se imprescindível, nesses meus projetos. Seu tronco grotescamente inchado lhe confere um aspecto inconfundível, devido à dilatação que apresenta na sua base e é complementado pelas meia dúzia de folhas arqueadas e grandes que possui. O nome Hyophorbe, deriva do grego “hys, hyos” = porco e “phorbe” = alimento; lagenicaulis é a forma latina de “lagoena” = garrafa e “caulis” = tronco. Como se fossem poucas as curiosidades desta palmeira, sua origem é também curiosa. Ela é nativa de uma ilha desabitada, localizada à 22 km da Ilha Mauricio; Round Island, com pouco menos do que dois quilômetros quadrados, sofre com os ventos quentes e úmidos que elevam a temperatura, nas áreas abertas, aos 50º durante o verão, caindo, no máximo aos 22º no inverno. Por este motivo é indicada, apenas, para regiões quentes de restinga ou fundo de vales, com solos arenosos, podendo ser, inclusive, salinos. Como seu desenvolvimento é lento, as adubações orgânicas devem ser fracas e as químicas feitas com fertilizantes de liberação controlada.
Autor: Raul Cânovas